Quais são os principais transtornos
As pesquisas científicas
sobre distúrbios de aprendizagem são relativamente recentes – ganharam
relevância a partir dos anos 1980. Ainda não existem testes padronizados
mundialmente para diagnosticá-los, embora haja referências importantes. Com
isso, é difícil encontrar crianças com diagnóstico fechado de outros
transtornos além dos mais conhecidos. como dislexia e Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou sem Hiperatividade (TDA)
DISLEXIA
Muitas crianças com esse
distúrbio de aprendizagem são consideradas por seus pais e professores como
preguiçosas, desinteressadas, distraídas e outros adjetivos que elas gostariam
de esquecer.
A Dislexia do desenvolvimento é considerada um
transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada
por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na
habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente
resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas
em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela IDA
– International Dyslexia Association, em 2002. Essa também é a definição usada
pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD)
Possíveis Sinais
Alguns sinais na Pré-escola
·
Dispersão;
·
Fraco desenvolvimento
da atenção;
·
Atraso do
desenvolvimento da fala e da linguagem
·
Dificuldade de
aprender rimas e canções;
·
Fraco desenvolvimento
da coordenação motora;
·
Dificuldade com quebra-cabeças;
·
Falta de interesse por
livros impressos.
Alguns sinais na Idade Escolar
·
Dificuldade na
aquisição e automação da leitura e da escrita;
·
Pobre conhecimento de
rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início
das palavras);
·
Desatenção e
dispersão;
·
Dificuldade em copiar
de livros e da lousa;
·
Dificuldade na
coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa
(ginástica, dança etc.);
·
Desorganização geral,
constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences;
·
Confusão para nomear
entre esquerda e direita;
·
Dificuldade em
manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.;
·
Vocabulário pobre, com
sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas;
HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO
O Transtorno do Déficit
de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas
genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por
toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e
impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).
Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.
O verdadeiro comportamento
hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. As crianças
hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes
de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar
muito, alto demais e em momentos inoportunos.
Sintomas de TDAH
O TDAH se caracteriza por uma combinação de
dois tipos de sintomas:
·
Desatenção
·
2)
Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em geral se associa a
dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e
professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no
mundo da lua" e geralmente "estabanadas" ou “ligados por um motor” (isto é, não param
quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de
hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos.
Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de
comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.
Causas
do TDAH
Já existem inúmeros estudos em todo o mundo -
inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em
diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores
culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais
educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.
Estudos científicos mostram que portadores de
TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do
cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em
comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do
comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela
capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e
planejamento.
O que parece estar alterado nesta região
cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas
neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam
informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para
estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.
A)
Hereditariedade:
Os genes parecem ser responsáveis não pelo
transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes
foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de
portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais frequente
do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença
entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na
população em geral (isto é chamado de recorrência familial).
Porém, como em qualquer transtorno do
comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a
influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo
"desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais
se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso,
então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma
predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos
genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os
estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais
biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na
presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos
têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.
Os estudos com gêmeos comparam gêmeos
univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do
TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos
univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50%
de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de
TDAH do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes
genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto
mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas
características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os
estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos
(também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter
70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na
origem do TDAH.
A partir dos dados destes estudos, o próximo
passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam
ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos
do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação
genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece
nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não
um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas,
também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único
"gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de
atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente
que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências
ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar
(antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas
nos familiares de portadores de TDAH.
B)
Substâncias ingeridas na gravidez:
Tem-se observado que a nicotina e o álcool
quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes
do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam
que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de
hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos
somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma
relação de causa e efeito.
C)
Sofrimento fetal:
Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram
problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de
terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH
sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na
gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa
ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.
D)
Exposição a chumbo:
Crianças pequenas que sofreram intoxicação por
chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há
nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo
numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado
pela história clínica.
E)
Problemas Familiares:
Algumas teorias sugeriam que problemas
familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias
com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível
socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos
recentes têm refutado esta ideia. As dificuldades familiares podem ser mais consequência
do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).
Problemas
familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.
Sejam quais forem as
limitações no processo de aprendizagem, além da dislexia (como também nos
distúrbios de aprendizagem, transtornos globais do desenvolvimento e outros) a
intervenção sempre se faz necessária. A escola sozinha nunca dará conta de
resolver estas dificuldades. Para estas crianças, adolescente e até adultos com
um desempenho deficitário, uma intervenção correta também ajudará na baixa
autoestima que eles apresentam.
Por
Andréa Guimarães
REFERÊNCIAS
Disponível em: http://www.dislexia.org.br/index.php/dislexia.
Acesso em 03/07/2016
Disponível em: http://www.tdah.org.br/.
Acesso em 03/07/2016
Disponível em: http://www.centropTsicopedagogicoapoio.com.br/quais-as-principais-dificuldades-de-aprendizagem/.
Acesso em 03/07/2016