quarta-feira, 28 de março de 2012

Desenvolvimento Infantil

Mostramos abaixo uma tabela resumo das principais características do desenvolvimento da criança nos seus primeiros anos de vida.
As características mostradas são as mais comuns para cada faixa etária. É normal que a criança apresente um ou outro aspecto adiantado ou atrasado em relação à tabela de desenvolvimento, e isto vai depender essencialmente dos estímulos que a criança recebe no seu dia a dia, por isto, é imprescindível que os pais saibam como estimular seus filhos e também que o desenvolvimento da criança seja acompanhado pelo pediatra e/ou profissionais especializados.

 
Faixa Etária
Ações que realiza
Comportamento
Como se comunica
0 a 3 meses
No primeiro mês, reage perante barulhos muito altos e pode se assustar com barulho inesperado.

Passa boa parte do tempo dormindo.

Seu sistema visual é limitado, portanto só enxerga algum objeto ou alguém se estiver bem próximo a ele.

No 2º ao 3º mês, o bebê já começa a acompanhar objetos e pessoas com os olhos e reconhece os pais.

Abre e fecha as mãos, leva-as à boca e suga os dedos.

Segura objetos com firmeza por certo tempo e consegue pegar objetos suspensos.
Desenvolve um tipo diferente de choro para cada problema que se apresenta, como por exemplo, o constante e agudo.

Com brincadeiras e músicas o bebê fica agitado, realizando movimentos de pernas, braços, sorri e dá gritinhos.
Quando ouve a voz dos pais, o bebê vira a cabeça.

Comunica-se através do choro e ruídos. Imita alguns sons de vogal.

Nesta fase, é importante organizar a rotina do bebê, tornando os horários das atividades fixos, como por exemplo, trocar a fralda depois da mamada ou dar banho todos os dias na mesma hora.

É importante que a rotina seja de forma razoavelmente metódica.



Ações que realiza
Como Reage
Como se comunica
4 a 7 meses
Fica na postura de bruços e se apóia nos antebraços quando quer ver o que está acontecendo ao seu redor.

Rola de um lado para o outro.

Estende a mão para alcançar o objeto que deseja, transfere-o de uma mão para outra e coloca-o na boca.

Apresenta equilíbrio quando colocado sentado.
Ri quando algo o agrada e quando o desagrada mostra raiva através da expressão facial.

Nesta fase, alguns bebês podem demonstrar medo perante pessoas estranhas.

Fica repetindo os seus próprios sons e imita as vozes das pessoas ao seu redor
Movimenta a cabeça na direção do som escutado.
Pára de chorar ao ouvir música.

Sorri quando quer atenção do adulto.

Formação do conceito de causa e efeito no momento em que está explorando um brinquedo.

Olha, chacoalha, e atira objetos ao chão.



Ações que realiza
Como Reage
Como se comunica
8 a 11 meses
Engatinha e senta sem apoio.

Consegue ficar em pé com apoio.

Aponta para objetos ou pessoas.

Pega pequenos objetos com o indicador e o polegar
Demonstrar raiva quando não é o centro das atenções.

Reconhece sua imagem no espelho e reage com euforia.

Reclama quando é contrariado.
Localiza a fonte sonora.

Bate palmas, joga beijo e entende quando lhe dizem tchau.

Começa a compreende o significado de alguns gestos.

Balança a cabeça quando não quer alguma coisa.

Fase do treino com monossílabos do tipo: “ma-ma”, “da-da”, “ne-ne”.



Ações que realiza
Como Reage
Como se comunica
1 a 2 anos
Anda sem apoio.

Com 1 ano e 6 meses pode começar a correr, subir em móveis e ficar nas pontas dos pés sem apoio.

Vira páginas de um livro ou revistas (várias ao mesmo tempo).

Gosta de rabiscar no papel.

Sabe quando uma ilustração está de cabeça para baixo.
Mostra senso de humor.

Nesta fase, o bebê ainda não compreende as regras, contudo chora quando leva uma bronca e sorri quando é o centro das atenções ou quando é elogiado.

Quando está bravo, pode atirar objetos ou brinquedos.

É possessivo. Prefere não compartilhar brinquedos com as outras crianças.
Reconhece o próprio nome.

A partir dos 18 meses começa a criar frases curtas.

A criança começa a formar frases com uma palavra só, tipo “nenê-papá, nenê-naná”, mas até o término do ano constrói frases de até três palavras como: “quer ver tevê”.

Esta é a fase das perguntas: “que é isso?”

Usa o próprio nome.

Reconhece as partes do seu corpo e de outras pessoas.

Apresenta atenção para histórias pequenas.



Ações que realiza
Como Reage
Como se comunica
2 a 3 anos
Tira os sapatos.

Chuta bola sem perder o equilíbrio.

Gosta de dançar, consegue acompanhar o ritmo da música batendo palmas.

Nesta fase a criança está pronta para abandonar o uso das fraldas.
Apresenta percepção de quem é.

Mexe em tudo e faz mal criação, testa a autoridade.

Tenta impor suas vontades.

Prefere companhia para brincar.

Gosta de participar dos serviços de casa, como por exemplo arrumar a mesa do jantar.
As frases vão aumentando e surge o plural.

As crianças nesta fase tem uma ótima compreensão, entendem tudo que é dito em sua volta.

Pergunta: "cadê", "O que", "onde".

Fala de si mesma na 3a. pessoa.

Chama familiares próximos pelo nome.



Ações que realiza
Como Reage
Como se comunica
3 a 4 anos
Consegue colocar suas roupas e tirá-las sem ajuda de um adulto.

Gosta de desenhar.

Nesta fase já consegue segurar um lápis na posição correta.

Consegue pedalar.
Brinca com as outras crianças.

Apresenta interesse pelos sentimentos das pessoas que estão ao seu redor, por exemplo, se perceber que seu pai está triste, procura confortá-lo.
Constrói frases com até seis palavras, sobre o dia a dia, situações reais e pessoas próximas.

Compreende a existência de regras gramaticais e tenta usá-las.

É comum a troca do '"r" pelo "l", a qual acaba por volta dos 3 anos e 6 meses.

Compreende os conceitos de igual e diferente.

É capaz de separar os brinquedos por tamanho e cor.

Lembra e conta histórias.



Ações que realiza
Como Reage
Como se comunica
4 a 5 anos
Consegue usar a tesoura, corta papel.

Maior domínio no uso de talheres.

Consegue pegar a bola com as duas mãos quando está em movimento.
Está mais sociável com as outras crianças.

Se sente grande perto das crianças menores.

Sente vontade de tomar as suas próprias decisões.
Nesta fase o vocabulário da criança aumentou bastante, já fala muitas palavras.

Expressa seus sentimentos e emprega verbos como “pensar” e “lembrar”.

Também fala de coisas ausentes e usa palavras de ligação entre as sentenças, como por exemplo: “e então”, “porque”, “mas”, etc.

Gosta de inventar e contar as próprias histórias.

Consegue identificar algumas letras do alfabeto e números.

 Fonte: http://www.estimulando.com.br/desenvolvimento.htm

Síndrome de Down


O que é a Síndrome de Down

Por Fernanda Travassos-Rodriguez

      A Síndrome de Down decorre de um acidente genético que ocorre em média em 1 a cada 800 nascimentos, aumentando a incidência com o aumento da idade materna. Atualmente, é considerada a alteração genética mais freqüente e a ocorrência da Síndrome de Down entre os recém nascidos vivos de mães de até 27 anos é de 1/1.200. Com mães de 30-35 anos é de 1/365 e depois dos 35 anos a freqüência aumenta mais rapidamente: entre 39-40 anos é de 1/100 e depois dos 40 anos torna-se ainda maior.          Acomete todas as etnias e grupos sócio-econômicos igualmente. É uma condição genética conhecida há mais de um século, descrita por John Langdon Down e que constitui uma das causas mais freqüentes de deficiência mental (18%). No Brasil, de acordo com as estimativas do IBGE realizadas no censo 2000, existem 300 mil pessoas com Síndrome de Down. As pessoas com a síndrome apresentam, em conseqüência, retardo mental (de leve a moderado) e alguns problemas clínicos associados.


ORIENTAÇÕES PARA GESTANTE

Se for menina, será bailarina!

Por Aline Melo

       O resultado do teste de gravidez chegou; deu positivo. Nesse momento você é inundada por diversas sensações: alegria, susto, medo, euforia, raiva, entre outros sentimentos que você nem consegue nomear. Os pensamentos disparam: será menino ou menina? Parecerá com o pai ou com a mãe? Mas uma coisa é certa, você pensa: se for menina, será bailarina! E esse ser milimétrico que está em seu ventre já ganhou até profissão!
     E lá está você imaginando tudo novamente: nome, formato do rosto, cor dos olhos, temperamento, colégio em que vai estudar e até mesmo o namorado (lembra daquela amiga que teve um menino no ano passado?). E entre sonhos, alterações súbitas de humor, enjôos e exames pré-natais, é como se o destino do bebê já estivesse traçado.
      Toda essa seqüência de sentimentos e pensamentos faz parte da sua história de vida e, ao engravidar, você a traz à tona: sua infância, sua relação com seus pais e o modo como imaginou que você seria mãe. Lembra quando você brincava de boneca? Aquela bonequinha já comportava seus ideais de mãe e de filho. Mas será que o bebê que você carrega sabe disso tudo? (Maldonado, 2005).
       A história de vida da mãe é muito importante para a formação do vínculo mãe-bebê quando este estiver do lado de fora da barriga. Porém, em cada gestação, está implícita uma frustração. A gestação e o nascimento são momentos de instabilidade emocional, de ajustes, reajustes e de novas descobertas (Brazelton, 1991).
      Sua história e seu bebê vão se conhecendo aos poucos e, aí sim, você vai poder constatar que aquela menininha que você tanto sonhou que seria bailarina talvez até diga que quer mesmo é ser advogada ou venha um pouco mais diferente do que você imaginou e carregue um cromossomo extra no par 21. A Síndrome de Down (SD), também conhecida por Trissomia do 21, tem prevalência de 1 a cada 700 nascimentos; é a alteração genética mais comum, tem caráter universal e sua ocorrência independe de raça, condição socioeconômica e localização geográfica.
      Nesse momento você se dá conta de que o bebê que você carregou e que saiu de dentro de você tem vida própria e que suas expectativas não foram atendidas. É normal que você se sinta confusa, ora com raiva, ora triste, ora dizendo que ama seu filho do jeito que ele é, mas esse turbilhão de emoções precisa ser elaborado para que você possa fazer o luto do bebê que você imaginou e possa amar livremente o bebê que está em seus braços (Mannoni, 1988).
      Como apresenta Mathelin (1999, p. 17), “o trauma é sem fala; ele permanece sem palavra porque é, por definição, impensável”, mas o bebê está ali, é real, requer cuidados e o trauma precisa ser elaborado. A presença de um psicólogo nessa etapa da vida familiar pode representar a diferença entre a formação de um vínculo seguro entre mãe-bebê e a ausência desse vínculo. Os pais, ao receber a notícia, geralmente têm como reação inicial sentimentos de perda, luto e tristeza. Tais sentimentos se relacionam ao luto da criança sadia que era esperada e fantasiada pelos pais. Para que a criança com SD seja aceita na família, a expressão do sentimento de tristeza é fundamental, pois abrirá espaço para a criança real ocupar.  

Referências bibliográficas:

Brazelton, T. B. Cuidando da família em crise. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
Maldonado, M. T. Psicologia da gravidez, parto e puerpério. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
Mannoni, M. A criança retardada e a mãe. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
Mathelin, C. O sorriso da Gioconda. Rio de Janeiro: Cia. de Freud, 1999.

ORIENTAÇÕES PARA OS PAIS

A família e o bebê com Síndrome de Down

Por Fernanda Travassos-Rodriguez

       Muitas vezes, costumo dizer que o nascimento do bebê com Síndrome de Down consiste em um golpe narcísico para seus familiares. Isto porque o nascimento de qualquer criança no seio familiar é sempre esperado com muita expectativa, visto que os sonhos ainda não realizados pelos membros da família frqüentemente são projetados para este bebê ainda por nascer, às vezes, antes mesmo da gravidez. Quando qualquer criança nasce, os pais devem realizar um luto entre o bebê idealizado e o bebê real, aquele que chora, sente fome ou cólicas de sua maneira particular e, portanto, este período se caracteriza pela adaptação dos pais ao bebê. No entanto, quando o bebê nasce com a Síndrome de Down acredito que os pais tenham uma “sobrecarga” em termos elaborativos deste período de luto e adaptação.
     Como o bebê com Síndrome de Down é um bebê inesperado, pois os pais planejam a gestação sonhando com uma criança “perfeita” e pronta para realizar tudo que eles próprios não foram capazes, o processo de luto e adaptação é mais difícil e doloroso. A família tem que entrar em contato com um mundo cheio de novas informações e cada pessoa em particular, por causa da sua própria história de vida, tem mais facilidade ou dificuldade em lidar com este tipo de questão. A representação formada imaginariamente pelos pais e outros familiares do bebê com Síndrome de Down vai variar muito em função dos seus próprios (pré) conceitos acerca da síndrome e da sua experiência em lidar com as diferenças.
       Considero o suporte psicológico a família essencial, apesar de raramente ser realizado em instituições e clínicas no Brasil, pois logo após o nascimento os pais e o bebê (tenha ele a Síndrome de Down, ou não) vão engajar-se emocionalmente com o filho construindo um ritmo de troca comunicacional não verbal que formará os vínculos familiares e será um importante precursor da linguagem e da saúde mental do indivíduo em formação. Tudo isso fica complicado no nascimento do indivíduo com a Síndrome de Down, visto que a via de formação dos vínculos encontra-se nitidamente perturbada. Os pais estão, na maioria das vezes, perplexos e tal estado não permite o engajamento com o filho e o bebê com Síndrome de Down também, por questões neurofisiológicas, possui um potencial mais baixo para este engajamento, visto que é mais lento nas suas interações, solicitando menos a resposta de cuidados dos seus pais. Este movimento de mão dupla que precisa ser ajustado em todos os núcleos famliriares com bebês, às vezes, fica muito descompassado e sem ritmo. Isto prejudica o engajamento dos membros da família e este movimento tende a amplificar através do tempo, reforçando as respostas de afastamento entre as partes, e por isso digo que a família está em risco.
      Como se pode ver questões fundamentais ligadas ao próprio desenvolvimento do bebê estão em jogo neste início de relação e muitos profissionais ficam surpresos com este tipo de informação, pois o que assistimos, com maior freqüência após o nascimento do bebê trissômico é uma corrida aos médicos em função dos possíveis problemas clínicos do bebê, e uma corrida a estimulação precoce em função apenas da dificuldade motora do bebê em conseqüência da hipotonia. Poucos profissionais lembram da importância do trabalho do especialista “psi” neste momento. Portanto, os pais ficam relegados a um segundo plano, pois não se oferece nenhum tipo de suporte a eles. No entanto, eles precisam mais do que tudo serem escutados, acolhidos e ter um espaço para deixar fluir todos os tipos de sentimento que emergem neste contexto, já que sabemos que uma espécie de tristeza crônica velada pode acometer tais famílias reduzindo a qualidade de vida de todos os seus membros com amplas conseqüências.
     O suporte a família que proponho na minha tese de doutorado em Psicologia Clínica pela PUC-Rio, “Síndrome de Down: da estimulação precoce do bebê ao acolhimento precoce da família”, inclui diferentes tipos de abordagem, pois o trabalho com a família é pensado a partir do seu próprio contexto. No entanto, este cuidado é indicado desde que o diagnóstico do bebê é realizado, seja intra-útero ou no momento do nascimento, e é desejável que futuramente se dê em conjunto com a equipe que realizará a estimulação precoce da criança. As principais modalidades de trabalho sugeridas aos pais funcionam com sessões de apoio e orientação no início, tornando-se sessões de terapia familiar ao longo do processo para os que se engajam no processo. Essas sessões algumas vezes incluem o bebê para que se possa ver e trabalhar a dinâmica da família na presença do mesmo. A possibilidade de acompanharmos o trabalho de estimulação precoce em conjunto também enriquece o trabalho, pois resgata a competência parental, muitas vezes “soterrada” pelas inúmeras prescrições de tarefas por parte das equipes, mas isso nem sempre é possível. Também, privilegiamos o contato dos pais da criança com outros pais e familiares através de grupos de troca de experiências e tal dispositivo tem se mostrado muito rico e capaz de fornecer uma rede de apoio necessária que poucas vezes está disponível para as famílias.
     O psicólogo pode ajudar na relação dos pais com os filhos através de uma psicoterapia que trabalhe os vínculos. Cada família tem suas histórias, seus mitos, suas regras e seus valores. Precisamos entender um pouco disto tudo dentro de cada sitema familiar para podermos intervir de maneira eficaz. Pois, com um pouco deste entendimento particular da família podemos inferir o que está perturbando as relações e, então, trabalhar em cima destes conteúdos. É um trabalho muito minucioso e especializado.

Estimulação Precoce

Por Fernanda Travassos-Rodriguez

     A estimulação precoce é um atendimento especializado direcionado a bebês e crianças de 0 a 3 anos com risco ou atraso no desenvolvimento global (prematuros de risco, síndromes genéticas, deficiências, paralisia cerebral e outras) e a suas famílias, atuando na prevenção de problemas do desenvolvimento global. Este atendimento é de fundamental importância, pois possibilita dar suporte ao bebê no seu processo inicial de intercâmbio com o meio, considerando os aspectos motores, cognitivos, psíquicos e sociais de seu desenvolvimento, bem como auxiliar seus pais no exercício das funções parentais, fortalecendo os vínculos familiares.
   Esta modalidade de atendimento se baseia sobretudo no trabalho interdisciplinar. Pensamos que a intervenção clínica com um bebê deverá estar centrada em um terapeuta de referência especializado em estimulação precoce, apoiado por uma equipe interdisciplinar, que através da interação com a criança e com a família possibilitará um desenvolvimento saudável da tríade pais-bebê.
 
FONTE: http://www.portalsindromededown.com/estimulacao.php