Minha homenagem ao pequeno Guilherme, que foi brutalmente assassinado pelo padrasto
terça-feira, 8 de novembro de 2016
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
"NÃO PEC"
“NÃO PEC”
Depois de tantos gastos, de tanta
corrupção.
Vem a PEC 241,
mas eu não aceito, não.
Um turbilhão de escândalos,
máfia dos fiscais, mensalão,
propina e prisão.
Prisão de gente importante,
políticos, empresários,
gente do alto escalão.
O Brasil que estava crescendo,
agora só decepção, desemprego,
inflação,
falta de investimento na saúde, segurança e
até na educação.
O que será do povo?
Em quem irá confiar.
O político que ele vota, pra lhe
representar.
Depois de eleito; esquece o povo
sofrido.
Só pensa em seu próprio benefício,
e em dinheiro ganhar.
O povo que vai se lascar,
de tanto trabalhar,
para os impostos pagar.
Se a gente não abrir os olhos,
se a gente não acordar,
Vinte anos congelados os recursos
irão ficar.
Não aceitem essa PEC,
vamos todos protestar,
Se você ficar calado, depois não
adianta chorar,
e até mesmo reclamar.
Saúde, educação, segurança, sem
investimento...
Se agora está ruim, imagina daqui
alguns anos,
com a população crescendo e
também envelhecendo.
Acorda, Povo sofrido.
Não PEC, vai protestar.
Defender o que é seu, não deixe o
ladrão levar.
Eu sei que está tudo errado,
logico que tem que mudar,
mas comece lá de cima, de onde
tem que cortar.
Comece dos altos salários,
dos senhores deputados.
comece a cobrar impostos dos
grandes empresários.
Tire dos ricos e não dos pobres.
O povo brasileiro, que é um povo
guerreiro,
um povo trabalhador, não pode
pagar a conta da crise que se instalou.
Andréa Guimarães
02/11/2016
domingo, 30 de outubro de 2016
Educação vem do berço
Expressão
que fora recorrentemente utilizada para dizer que: os valores, o respeito, a
ética, bem como os princípios devem ser ensinados em casa desde cedo, ou seja, “desde
o berço”.
Durante
a infância é que as crianças devem aprender os bons valores, e quem tem essa
responsabilidade são os pais, os quais podem garantir que seus filhos se tornem
adultos melhores no futuro.
Hodiernamente,
muitos pais têm falhado no processo educacional dos filhos, criando-os sem limites,
sem disciplina, deixando-os fazer o que bem querem, dando-lhes de tudo; mesmo quando
desmerecem serem recompensados.
Ainda,
os responsáveis primários pela educação, os pais, muitas vezes atribuem erroneamente
a escola a tarefa de educar seus filhos, pois, a escola não é detentora de tal
responsabilidade, escola é apta para desenvolver o cognitivo, trabalhar a
interação social, bem como reforçar os valores sociais e humanos.
Em
consonância com o exposto, relato o que certo dia ouvi em um programa de
televisão: um artista relatava que em sua casa ele se policiava para não dizer
a sua filha de 1 ano e 2 meses a palavra “Não”, porque ela (a criança) poderia
ficar traumatizada. Certamente essa criança crescerá achando que poderá fazer
tudo, e, por conseguinte, no futuro será um adulto sem limites e despreparado
para receber os “NÃOS” da vida.
Mediante
o exposto, fica-lhes o alerta, pais abram seus olhos enquanto é tempo, colocar
o filho de castigo, dizer NÃO, retirar dele o que mais gosta, não irá traumatiza-lo,
não irá frustra-lo. Frustrados ficarão os
pais que não educarem os filhos devidamente em tempo hábil de forma em que no
futuro se darão conta de seu erro, mas, que será tarde demais.
Por
Andréa Guimarães
30/10/2016
domingo, 3 de julho de 2016
Quais são os principais transtornos
As pesquisas científicas
sobre distúrbios de aprendizagem são relativamente recentes – ganharam
relevância a partir dos anos 1980. Ainda não existem testes padronizados
mundialmente para diagnosticá-los, embora haja referências importantes. Com
isso, é difícil encontrar crianças com diagnóstico fechado de outros
transtornos além dos mais conhecidos. como dislexia e Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou sem Hiperatividade (TDA)
DISLEXIA
Muitas crianças com esse
distúrbio de aprendizagem são consideradas por seus pais e professores como
preguiçosas, desinteressadas, distraídas e outros adjetivos que elas gostariam
de esquecer.
A Dislexia do desenvolvimento é considerada um
transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada
por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na
habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente
resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas
em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela IDA
– International Dyslexia Association, em 2002. Essa também é a definição usada
pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD)
Possíveis Sinais
Alguns sinais na Pré-escola
·
Dispersão;
·
Fraco desenvolvimento
da atenção;
·
Atraso do
desenvolvimento da fala e da linguagem
·
Dificuldade de
aprender rimas e canções;
·
Fraco desenvolvimento
da coordenação motora;
·
Dificuldade com quebra-cabeças;
·
Falta de interesse por
livros impressos.
Alguns sinais na Idade Escolar
·
Dificuldade na
aquisição e automação da leitura e da escrita;
·
Pobre conhecimento de
rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início
das palavras);
·
Desatenção e
dispersão;
·
Dificuldade em copiar
de livros e da lousa;
·
Dificuldade na
coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa
(ginástica, dança etc.);
·
Desorganização geral,
constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences;
·
Confusão para nomear
entre esquerda e direita;
·
Dificuldade em
manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.;
·
Vocabulário pobre, com
sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas;
HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO
O Transtorno do Déficit
de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas
genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por
toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e
impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).
Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.
O verdadeiro comportamento
hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. As crianças
hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes
de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar
muito, alto demais e em momentos inoportunos.
Sintomas de TDAH
O TDAH se caracteriza por uma combinação de
dois tipos de sintomas:
·
Desatenção
·
2)
Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em geral se associa a
dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e
professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no
mundo da lua" e geralmente "estabanadas" ou “ligados por um motor” (isto é, não param
quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de
hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos.
Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de
comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.
Causas
do TDAH
Já existem inúmeros estudos em todo o mundo -
inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em
diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores
culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais
educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.
Estudos científicos mostram que portadores de
TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do
cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em
comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do
comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela
capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e
planejamento.
O que parece estar alterado nesta região
cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas
neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam
informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para
estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.
A)
Hereditariedade:
Os genes parecem ser responsáveis não pelo
transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes
foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de
portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais frequente
do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença
entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na
população em geral (isto é chamado de recorrência familial).
Porém, como em qualquer transtorno do
comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a
influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo
"desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais
se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso,
então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma
predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos
genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os
estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais
biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na
presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos
têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.
Os estudos com gêmeos comparam gêmeos
univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do
TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos
univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50%
de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de
TDAH do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes
genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto
mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas
características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os
estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos
(também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter
70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na
origem do TDAH.
A partir dos dados destes estudos, o próximo
passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam
ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos
do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação
genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece
nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não
um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas,
também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único
"gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de
atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente
que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências
ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar
(antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas
nos familiares de portadores de TDAH.
B)
Substâncias ingeridas na gravidez:
Tem-se observado que a nicotina e o álcool
quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes
do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam
que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de
hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos
somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma
relação de causa e efeito.
C)
Sofrimento fetal:
Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram
problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de
terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH
sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na
gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa
ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.
D)
Exposição a chumbo:
Crianças pequenas que sofreram intoxicação por
chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há
nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo
numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado
pela história clínica.
E)
Problemas Familiares:
Algumas teorias sugeriam que problemas
familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias
com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível
socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos
recentes têm refutado esta ideia. As dificuldades familiares podem ser mais consequência
do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).
Problemas
familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.
Sejam quais forem as
limitações no processo de aprendizagem, além da dislexia (como também nos
distúrbios de aprendizagem, transtornos globais do desenvolvimento e outros) a
intervenção sempre se faz necessária. A escola sozinha nunca dará conta de
resolver estas dificuldades. Para estas crianças, adolescente e até adultos com
um desempenho deficitário, uma intervenção correta também ajudará na baixa
autoestima que eles apresentam.
Por
Andréa Guimarães
REFERÊNCIAS
Disponível em: http://www.dislexia.org.br/index.php/dislexia.
Acesso em 03/07/2016
Disponível em: http://www.tdah.org.br/.
Acesso em 03/07/2016
Disponível em: http://www.centropTsicopedagogicoapoio.com.br/quais-as-principais-dificuldades-de-aprendizagem/.
Acesso em 03/07/2016
terça-feira, 28 de junho de 2016
Dificuldades de aprendizagem e transtornos
Dificuldades de
aprendizagem e transtornos
No Brasil e em outros países em desenvolvimento, pesquisadores estimam
que de 40% a 42% dos alunos nas séries iniciais tenham dificuldades para
aprender. Destes, 4% a 6% têm transtornos de origem neurobiológica.
Para muitos professores, as expressões “Dificuldade de aprendizagem”
e “Transtornos” têm o mesmo significado. Mas são dois problemas diferentes e
que se manifestam e devem ser tratadas de maneiras distintas.
É muito importante que o professor saiba
diferenciar estes conceitos para proporcionara ao seu aluno intervenções
adequadas que irão contribuir de forma satisfatória para um melhor aprendizado.
Qualquer aluno pode apresentar em algum momento da
vida escolar alguma dificuldade no processo de aprender.
Entretanto o professor, só poderá realmente
considerar que o aluno apresenta algum problema de aprendizagem quando os
mesmos persistirem após as intervenções educacionais.
Os professores devem ter cuidado ao “diagnosticar”
um aluno com dificuldade de aprendizagem.
Hoje em dia percebemos uma grande tendência de alguns professores
atribuírem causas organicistas aos alunos com problemas de aprendizagem.
Todos os
envolvidos no processo educativo devem estar atentos aos fatores que estão
relacionados ao problema, observando se o aluno está passando por uma
dificuldade momentânea ou se a dificuldade persiste há algum tempo.
As dificuldades no aprendizado podem
estar relacionadas a diversos fatores, externos ou internos. Podem decorrer de
causas orgânicas, condições psicológicas da criança, também podem estar
relacionadas a fatores ligados a vida familiar da criança e até mesmo a algum
distúrbio ou transtorno, também podem estar relacionadas a questões didáticas,
metodológicas ou avaliativas.
Normalmente, as dificuldades de
aprendizagem estão relacionadas a fatores externos, ou seja, questões relacionadas
a metodologia da escola, a forma de avaliação, ou até em razão da presença de
situações negativas de interação social.
Em contrapartida os Transtornos,
normalmente estão relacionados aos fatores intrínsecos, ou seja, que fazem
parte do aluno, estes fatores podem ser de ordem neurológica, química, fatores
hereditários, etc.
Os Transtornos de Aprendizagem compreendem uma inabilidade
específica, na leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam
resultados significativamente abaixo do esperado para o seu nível de
desenvolvimento, escolar.
Atualmente a dislexia é uma
dificuldade que tem ganhado grande repercussão dentro do ambiente escolar,
porém devemos estar atentos a outros sérios problemas como: o TDAH (Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade), a disgrafia, a dislalia, a disortográfica
e a discalculia.
É muito importante que os professores
tenham conhecimento e saibam diferenciar transtorno e dificuldade de
aprendizagem, para realizar intervenções e encaminhar os alunos para um
diagnóstico clinico.
Algumas crianças precisam apenas de estratégias diferentes, atenção, métodos de ensino adequados,
estímulos positivos e ou de atendimento especializado para avançar nos estudos.
As dificuldades e os transtornos de
aprendizagem que se manifestam na infância geralmente tem forte impacto sobre a
vida da criança e de sua família até mesmo na face adulta, uma vez que este
indivíduo acaba sofrendo por não ser bem aceito em seu meio social e isso pode
acarretar prejuízos em seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Por Andréa Guimarães
09/09/2016
09/09/2016
domingo, 15 de maio de 2016
A LETRA CURSIVA NA BERLINDA
Em tempos de era digital,
o uso da letra manuscrita, sobretudo a cursiva, está ficando praticamente
restrito à escola. No mundo do trabalho, dominado pelos computadores, muitos
nem se lembram direito como escrever à mão, quanto menos fazer todas as “voltinhas”
no caderno de caligrafia. Com exceção de poucos bilhetes ou assinaturas em
documentos oficiais, até a própria escrita manual já é rara. Ninguém quer mais
escrever no papel com medo de a letra parecer feia ou de não poder mudar de
ideia e “deletar”. Enquanto isso, na sala de aula, as crianças passam anos
aprendendo a desenvolver diferentes traçados até chegar, finalmente, à letra
cursiva, quase sempre a mais complicada para os alunos.
Se o trabalho dos
professores costuma ser grande e a aplicação prática é pequena, ainda vale a
escola reservar tempo para o ensino da letra cursiva? Conhecer apenas a letra
de forma não seria suficiente para ser alfabetizado hoje?
O tema é controverso e a
resposta não é tão simples.
Para aqueles que defendem
a necessidade da escrita cursiva, tecnicamente chamada de amalgamada, a
principal justificativa para o ensino é a fluência, a rapidez que essa forma
proporciona na hora de escrever, já que não é preciso tirar o lápis ou a caneta
do papel a cada letra. Mas qual é a necessidade de ser tão rápido? Para poder
tomar notas durante qualquer situação em que a tecnologia não esteja
disponível.
Porém, se o uso de
computadores, smartphones e tablets se tornar uma realidade nas escolas, ainda
assim a letra cursiva teria seu espaço garantido? O especialista em
alfabetização João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e
Beto, acredita que ainda é cedo para colocar essa questão na ordem do dia das
escolas. “Pelo menos por enquanto, mesmo nos países altamente influenciados
pela tecnologia, a escrita ainda é muito utilizada nas situações práticas da
vida. Seria temerário que as próximas gerações não cheguem à vida adulta com
esses instrumentos. Se algum dia a escrita manuscrita for abolida, aí sim a
escola não precisa se preocupar mais com isso”, afirma.
A escrita cursiva ainda é
uma exigência em algumas provas, alguns vestibulares e concursos públicos. Mas
muitos já passaram a aceitar também a letra de forma ou de imprensa, como
também é chamada, desde que seja feita a diferenciação entre maiúsculas e
minúsculas. E aí é que está o problema. Muitas pessoas saem do ensino
fundamental sem saber fazer as duas formas. O professor da Universidade Federal
do Paraná (UFPR) Geraldo Peçanha de Almeida explica que na educação infantil
muitas vezes os educadores passam três anos ensinando apenas a letra bastão
maiúscula (ou caixa alta) para facilitar o processo de aprendizado. Depois a
criança começa a aprender a letra cursiva e acaba não treinando suficientemente
as letras de forma minúsculas. “E não se pode escrever tudo em letra maiúscula,
é um erro ortográfico”, lembra. O docente ressalta que se a escola focasse no
ensino dos dois tipos não haveria empecilho em escolher esta forma de escrita
ao invés da cursiva se a criança se adaptasse melhor. “Se a escola ensinasse a
maiúscula e a minúscula não haveria nenhum problema de a criança escrever o
resto da vida em letra bastão”, resume.
Dificuldade de
aprendizado
O processo de ensino da
letra cursiva geralmente começa entre os 6 e 7 anos de idade e exige
habilidades relacionadas à coordenação motora fina. Até pegar prática e fazer
um traçado legível a criança demora cerca de três anos. Isso significa que, em
média, por volta dos 9 anos o estudante terá desenvolvido a forma de escrita
que utilizará ou não ao longo da vida – dependendo de como a tecnologia evoluir
e a sociedade se adaptar às mudanças.
Não são raros os alunos
que têm dificuldade para aprender a letra cursiva. E existem vários motivos
associados ao problema. O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
de Araraquara, Luiz Carlos Cagliari, acredita que a deficiência no aprendizado
está relacionada à metodologia de ensino. “Em geral, vejo que crianças
problemáticas com a escrita não apresentam o mesmo tipo de problema quando
desenham. Então, há algo de errado com o modo como são ensinadas. Adotando
várias etapas para se chegar à escrita cursiva fica mais fácil.”
Cagliari sugere o uso de
gabaritos para facilitar a escrita, além de um pouco mais de paciência do
educador, que pode deixar o aluno usar a escrita maiúscula ou bastão enquanto
ele não se sentir à vontade com a forma concatenada. Entretanto, alerta que o
maior problema é quando o aluno não sabe ler escrita cursiva, que muitas vezes
é opaca aos olhos da criança, pois as letras não são tão separadas e
diferenciadas quanto na forma bastão.
Geraldo Almeida defende
que a letra cursiva seja ensinada mais cedo, ainda na educação infantil, para
facilitar o processo. “A partir do momento que a criança reconhece na letra
bastão que determinada marca é ‘A’, se ela reconhece esta marca para o som ‘A’,
já pode ser introduzida a letra cursiva.” O professor da UFPR lembra que além
da coordenação motora fina da ponta dos dedos, que costuma ser bem exercitada
nas escolas e acaba sendo também naturalmente mais desenvolvida por causa da
familiaridade das novas gerações com o teclado, é preciso trabalhar todo o
segmento do braço para possibilitar a movimentação adequada durante a escrita.
De qualquer forma,
Almeida acredita que a escola não deve ficar focada apenas na dificuldade da
criança porque algumas podem nunca aprender a escrita cursiva, porém isso não
significa que não sejam alfabetizadas. Ele diz que insistir nesta forma de
escrita prejudica ainda mais o desenvolvimento do aluno. “Não seria o caso de a
escola continuar batalhando para a criança fazer a letra cursiva porque esse
bloqueio motor vai levá-la a um bloqueio mental também”, afirma. Nesta
situação, o professor sugere que a instituição continue o processo de
alfabetização desse aluno com letra bastão maiúscula e minúscula.
Cagliari insiste que o
problema está mais no lado de quem ensina do que de quem aprende. Ele destaca
que muitas escolas sequer passam aos educandos o conhecimento de como segurar o
lápis de modo correto. “Alguns alunos começam a escrever como se fossem
canhotos, colocando a mão acima da linha de escrita, porém usando a mão
direita. Alguns escrevem segurando o lápis como se fosse um bastão e ao
escrever não conseguem ver o que estão fazendo. Um pouco de disciplina
artística no uso do material de escrita ajuda a evitar problemas.”
Espécie em extinção?
Qual teria sido a reação
na época se alguém dissesse que o pergaminho e a caneta-tinteiro iriam
desaparecer? Nem sempre as mudanças são vistas com entusiasmo em um primeiro
momento. Será que a letra cursiva – quiçá a escrita manuscrita de forma geral –
também está próxima de se tornar obsoleta? Os especialistas se dividem entre os
mais puristas, que temem a perda deste conhecimento, e os mais vanguardistas,
que acreditam que é preciso evoluir com a tecnologia. Porém, todos concordam
que no momento atual a escrita ainda é uma necessidade social. “Do homem das
cavernas ao homem moderno, precisamos da escrita por uma questão de cidadania”,
afirma o professor da UFPR. Entretanto, ele mesmo acredita que esta realidade
está com os dias contados e diz que se no mundo do trabalho a escrita
manuscrita sobreviver por mais 10 anos, no ensino fundamental não passará de 50
anos, o que significa que os professores precisam desde já começar a debater a
questão. “A letra manual não tem mais espaço na sociedade. Porque não temos mais
o cronológico (tempo) disponível para ela”, dispara.
Já o pesquisador da Unesp
não concorda que a escrita manuscrita, inclusive a cursiva, irá desaparecer das
instituições de ensino nem da vida das pessoas na sociedade. Por outro lado,
Cagliari admite que a escrita via computador poderá ser mais utilizada do que a
caneta ou qualquer outra coisa. “Isso é próprio da evolução da civilização e
quem não se adaptar irá ficar para trás, com muitos problemas. Portanto, a
escola deveria usar cada vez mais computadores para todas as atividades de
escrita, desde a pré-escola”. Mesmo assim, ele defende a importância de possuir
as duas habilidades de escrita: manuscrita cursiva e escrita digitalizada, pois
acredita que a falta de uma delas “significa uma restrição para a vida de um
indivíduo no mundo de hoje”. Além disso, Cagliari diz que é uma vantagem
cultural dominar todas as formas.
Para o presidente do
Instituto Alfa e Beto, a escola precisa ser prudente e esperar a escrita
desaparecer primeiro antes de agir. Sobre o uso da forma cursiva ainda nos dias
de hoje, declara: “A letra cursiva é mais eficiente: você raramente tira o
lápis do papel. Esta é a única razão para dominá-la. Mas é uma razão muito
forte. É preciso ter muita prudência para não descartar a sabedoria e a
experiência acumulada pela humanidade.”
Com relação às
habilidades motoras que escrever com letras concatenadas proporciona, todos são
unâmimes em dizer que não existe uma perda de coordenação no desenvolvimento do
aluno que não pratica a escrita cursiva. Esta capacidade é aprimorada em
diversas outras atividades escolares. Para responder a pergunta sobre se ainda
vale a pena reservar tempo em sala de aula para ensinar a letra cursiva, é
preciso “ter bola de cristal”. Existem muitos indícios de que o uso da escrita
manuscrita está desaparecendo, sobretudo quando se olha para o mundo do
trabalho e para o aumento progressivo dos computadores nas escolas. Porém,
ninguém sabe qual é o momento certo de abandonar um conhecimento em prol de
outros. O mais importante por enquanto é ponderar sobre a questão para ter a
capacidade de se adaptar às mudanças que afetam a sociedade e,
consequentemente, não podem ser ignoradas pela escola.
(Yannik D´elboux)
Disponível em: espaçoalfaletrar.blogspot.com.br. Acesso em 25 de maio de 2012.
Ensino da letra cursiva para crianças em alfabetização divide a opinião de educadores
Ensino da letra cursiva para crianças em alfabetização divide a opinião de educadores
Deve-se ou
não exigir que as crianças escrevam com letra cursiva? A questão, que divide
educadores e semeia insegurança entre pais, está -- ao lado da pergunta sobre o
ensino da tabuada-- entre as mais ouvidas pela consultora em educação e
pesquisadora em neurociência Elvira Souza Lima. A resposta, porém, não é
trivial.
Quatro ou
cinco décadas atrás, a dúvida seria inconcebível. Escrever à mão era só em
cursiva e, para garantir que a letra fosse legível, os alunos eram obrigados
desde cedo a passar horas e horas debruçados sobre os cadernos de caligrafia.
Luiz
Carlos Murauskas/Folha Imagem
|
Veio,
contudo, a pedagogia moderna, em grande parte inspirada no construtivismo de
Piaget, e as coisas começaram a mudar. O que importava era que o aluno
descobrisse por si próprio os caminhos para a alfabetização e a escrita proficiente.
Primeiro os professores deixaram de cobrar aquele desenho perfeito. Alguns até
toleravam que o aluno levantasse o lápis no meio do traçado. Depois os cadernos
de caligrafia foram caindo em desuso até quase desaparecer.
O segundo
golpe contra a cursiva veio na forma de tecnologia. A disseminação dos
computadores contribuiu para que a letra de imprensa, já preponderante,
avançasse ainda mais. Manuscrever foi-se tornando um ato cada vez mais raro.
No
que parece ser o mais perto de um consenso a que é possível chegar, hoje a
maior parte das escolas do Brasil inicia o processo de alfabetização usando
apenas a letra de forma, também chamada de bastão.
Tal preferência,
como explica Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG,
tem razões de desenvolvimento cognitivo, linguístico: "No momento em que a
criança está descobrindo as letras e suas correspondências com fonemas, é
importante que cada letra mantenha sua individualidade, o que não acontece com
a escrita "emendada' que é a cursiva; daí o uso exclusivo da letra de
imprensa, cujos traços são mais fáceis para a criança grafar, na fase em que
ainda está desenvolvendo suas habilidades motoras".
O que os
críticos da cursiva se perguntam é: se essa tipologia é cada vez menos usada e
exige um boa dose de esforço para ser assimilada, por que perder tempo com ela?
Por que não ensinar as crianças apenas a reconhecê-la e deixar que escrevam
como preferirem? Essa é a posição do linguista Carlos Alberto Faraco, da
Universidade Federal do Paraná, para quem a cursiva se mantém "por pura
tradição". "E você sabe que a escola é cheia de mil regras sem
qualquer sentido", acrescenta.
A pedagoga
Juliana Storino, que coordena um bem-sucedido programa de alfabetização em
Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, é ainda mais radical:
"Acho que ela [a cursiva] é uma das responsáveis pelo analfabetismo em
nosso país. As crianças além de decodificar o código da língua escrita (relação
fonema/ grafema) têm também de desenvolver habilidades motoras específicas para
"bordar' as letras. O tempo perdido tanto pelo aluno, como pelo professor
com essa prática, aliada ao cansaço muscular, desmotivam o aluno a aprender a
ler e muitas vezes emperram o processo".
Esse diagnóstico,
entretanto, está longe de unânime. O educador João Batista Oliveira,
especialista em alfabetização, diz que a prática da caligrafia é importante
para tornar a escrita mais fluente, o que é essencial para o aluno escrever
"em tempo real" e, assim, acompanhar a escola. E por que letra
cursiva? "Jabuti não sobe em árvore: é a forma que a humanidade encontrou,
ao longo do tempo, de aperfeiçoar essa arte", diz.
Magda Soares
acrescenta que a demanda pela cursiva frequentemente parte das próprias
crianças, que se mostram ansiosas para começar a escrever com esse tipo de
letra. "Penso que isso se deve ao fato de que veem os adultos escrevendo
com letra cursiva, nos usos quotidianos, e não com letras de imprensa".
Para Elvira Souza
Lima, que prefere não tomar partido na controvérsia, "os processos de
desenvolvimento na infância criam a possibilidade da escrita cursiva". A
pesquisadora explica que crianças desenhando formas geométricas, curvas e
ângulos são um sério candidato a universal humano. Recrutar essa predisposição
inata para ensinar a cursiva não constitui, na maioria dos casos, um problema.
Trata-se antes de uma opção pedagógica e cultural.
Souza Lima, entretanto,
lança dois alertas. O tempo dedicado a tarefas complementares como a cópia de
textos e exercícios de caligrafia não deve exceder 15% da carga horária. No
Brasil, frequentemente, elas ocupam bem mais do que isso.
Ainda mais importante,
não se deve antecipar o processo de ensino da escrita. Se se exigir da criança
que comece a escrever antes de ela ter a maturidade cognitiva e motora
necessárias (que costumam surgir em torno dos sete anos) o resultado tende a
ser frustração, o que pode comprometer o sucesso escolar no futuro.
O que a ciência
tem a dizer sobre isso? Embora o processo de alfabetização venha recebendo
grande atenção da neurociência, estudos sobre a escrita são bem mais raros, de
modo que não há evidências suficientes seja para decretar a morte da cursiva,
seja para clamar por sua sobrevida.
Há neurocientistas,
como o canadense Norman Doidge, que sustentam que a escrita cursiva, por exigir
maior esforço de integração entre áreas simbólicas e motoras do cérebro, é mais
eficiente do que a letra de forma para ajudar a criança a adquirir fluência.
Outra corrente de
pesquisadores, entretanto, afirma que, se a cursiva desaparecer, as habilidades
cognitivas específicas serão substituídas por novas, sem maiores traumas.
Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u736314.shtml>.Acesso em 25 de maio de 2012.
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03/04/2012 11:13
Texto Adriana Carvalho
Texto Adriana Carvalho
domingo, 14 de fevereiro de 2016
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