terça-feira, 8 de novembro de 2016

Homenagem ao Guilherme


Minha homenagem ao pequeno Guilherme, que foi brutalmente assassinado pelo padrasto



Minha participação no livro:

 Palavras guardadas, 
Poesia, prosa e reflexão
volume IV



Betim, 22/10/2016






quinta-feira, 3 de novembro de 2016

"NÃO PEC"

“NÃO PEC”

Depois de tantos gastos, de tanta corrupção.
Vem a PEC 241,
mas eu não aceito, não.

Um turbilhão de escândalos,
máfia dos fiscais, mensalão,
propina e prisão.

Prisão de gente importante,
políticos, empresários,
gente do alto escalão.

O Brasil que estava crescendo,
agora só decepção, desemprego, inflação,
 falta de investimento na saúde, segurança e até na educação.

O que será do povo?
Em quem irá confiar.
O político que ele vota, pra lhe representar.

Depois de eleito; esquece o povo sofrido.
Só pensa em seu próprio benefício,
e em dinheiro ganhar.

O povo que vai se lascar,
de tanto trabalhar,
para os impostos pagar.

Se a gente não abrir os olhos,
se a gente não acordar,
Vinte anos congelados os recursos irão ficar.
  
Não aceitem essa PEC,
vamos todos protestar,
Se você ficar calado, depois não adianta chorar,
e até mesmo reclamar.

Saúde, educação, segurança, sem investimento...
Se agora está ruim, imagina daqui alguns anos,
com a população crescendo e também envelhecendo.

Acorda, Povo sofrido.
Não PEC, vai protestar.
Defender o que é seu, não deixe o ladrão levar.

Eu sei que está tudo errado,
logico que tem que mudar,
mas comece lá de cima, de onde tem que cortar.

Comece dos altos salários,
dos senhores deputados.
comece a cobrar impostos dos grandes empresários.

Tire dos ricos e não dos pobres.
O povo brasileiro, que é um povo guerreiro,
um povo trabalhador, não pode pagar a conta da crise que se instalou.

Andréa Guimarães

02/11/2016







domingo, 30 de outubro de 2016

Educação vem do berço

Educação vem do berço



Expressão que fora recorrentemente utilizada para dizer que: os valores, o respeito, a ética, bem como os princípios devem ser ensinados em casa desde cedo, ou seja, “desde o berço”.
Durante a infância é que as crianças devem aprender os bons valores, e quem tem essa responsabilidade são os pais, os quais podem garantir que seus filhos se tornem adultos melhores no futuro.
Hodiernamente, muitos pais têm falhado no processo educacional dos filhos, criando-os sem limites, sem disciplina, deixando-os fazer o que bem querem, dando-lhes de tudo; mesmo quando desmerecem serem recompensados.
Ainda, os responsáveis primários pela educação, os pais, muitas vezes atribuem erroneamente a escola a tarefa de educar seus filhos, pois, a escola não é detentora de tal responsabilidade, escola é apta para desenvolver o cognitivo, trabalhar a interação social, bem como reforçar os valores sociais e humanos.
Em consonância com o exposto, relato o que certo dia ouvi em um programa de televisão: um artista relatava que em sua casa ele se policiava para não dizer a sua filha de 1 ano e 2 meses a palavra “Não”, porque ela (a criança) poderia ficar traumatizada. Certamente essa criança crescerá achando que poderá fazer tudo, e, por conseguinte, no futuro será um adulto sem limites e despreparado para receber os “NÃOS” da vida.
Mediante o exposto, fica-lhes o alerta, pais abram seus olhos enquanto é tempo, colocar o filho de castigo, dizer NÃO, retirar dele o que mais gosta, não irá traumatiza-lo, não irá frustra-lo.  Frustrados ficarão os pais que não educarem os filhos devidamente em tempo hábil de forma em que no futuro se darão conta de seu erro, mas, que será tarde demais.

Por Andréa Guimarães
30/10/2016

domingo, 3 de julho de 2016

Quais são os principais transtornos


As pesquisas científicas sobre distúrbios de aprendizagem são relativamente recentes – ganharam relevância a partir dos anos 1980. Ainda não existem testes padronizados mundialmente para diagnosticá-los, embora haja referências importantes. Com isso, é difícil encontrar crianças com diagnóstico fechado de outros transtornos além dos mais conhecidos. como dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou sem Hiperatividade (TDA)


DISLEXIA

 Muitas crianças com esse distúrbio de aprendizagem são consideradas por seus pais e professores como preguiçosas, desinteressadas, distraídas e outros adjetivos que elas gostariam de esquecer.
A Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002. Essa também é a definição usada pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD)


Possíveis Sinais
Alguns sinais na Pré-escola
·         Dispersão;
·         Fraco desenvolvimento da atenção;
·         Atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem
·         Dificuldade de aprender rimas e canções;
·         Fraco desenvolvimento da coordenação motora;
·         Dificuldade com quebra-cabeças;
·         Falta de interesse por livros impressos.
Alguns sinais na Idade Escolar
·         Dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita;
·         Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);
·         Desatenção e dispersão;
·         Dificuldade em copiar de livros e da lousa;
·         Dificuldade na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.);
·         Desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences;
·         Confusão para nomear entre esquerda e direita;
·         Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.;
·         Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas;


 HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. 

Sintomas de TDAH
O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas:
·         Desatenção
·         2) Hiperatividade-impulsividade

O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas"  ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Causas do TDAH

Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.


      A)   Hereditariedade:

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais frequente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial).

Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.

Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem do TDAH.

A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas, também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos familiares de portadores de TDAH.


B) Substâncias ingeridas na gravidez:

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito.


C) Sofrimento fetal:

Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.


D) Exposição a chumbo:

Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado pela história clínica.


E) Problemas Familiares:

Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta ideia. As dificuldades familiares podem ser mais consequência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).

Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.

Sejam quais forem as limitações no processo de aprendizagem, além da dislexia (como também nos distúrbios de aprendizagem, transtornos globais do desenvolvimento e outros) a intervenção sempre se faz necessária. A escola sozinha nunca dará conta de resolver estas dificuldades. Para estas crianças, adolescente e até adultos com um desempenho deficitário, uma intervenção correta também ajudará na baixa autoestima que eles apresentam.



Por Andréa Guimarães


REFERÊNCIAS



Disponível em:  http://www.dislexia.org.br/index.php/dislexia. Acesso em 03/07/2016

Disponível em: http://www.tdah.org.br/. Acesso em 03/07/2016



terça-feira, 28 de junho de 2016

Dificuldades de aprendizagem e transtornos

Dificuldades de aprendizagem e transtornos

No Brasil e em outros países em desenvolvimento, pesquisadores estimam que de 40% a 42% dos alunos nas séries iniciais tenham dificuldades para aprender. Destes, 4% a 6% têm transtornos de origem neurobiológica.

Para muitos professores, as expressões “Dificuldade de aprendizagem” e “Transtornos” têm o mesmo significado. Mas são dois problemas diferentes e que se manifestam e devem ser tratadas de maneiras distintas.
É muito importante que o professor saiba diferenciar estes conceitos para proporcionara ao seu aluno intervenções adequadas que irão contribuir de forma satisfatória para um melhor aprendizado.
Qualquer aluno pode apresentar em algum momento da vida escolar alguma dificuldade no processo de aprender.
Entretanto o professor, só poderá realmente considerar que o aluno apresenta algum problema de aprendizagem quando os mesmos persistirem após as intervenções educacionais.
Os professores devem ter cuidado ao “diagnosticar” um aluno com dificuldade de aprendizagem.  Hoje em dia percebemos uma grande tendência de alguns professores atribuírem causas organicistas aos alunos com problemas de aprendizagem.
Todos os envolvidos no processo educativo devem estar atentos aos fatores que estão relacionados ao problema, observando se o aluno está passando por uma dificuldade momentânea ou se a dificuldade persiste há algum tempo.
As dificuldades no aprendizado podem estar relacionadas a diversos fatores, externos ou internos. Podem decorrer de causas orgânicas, condições psicológicas da criança, também podem estar relacionadas a fatores ligados a vida familiar da criança e até mesmo a algum distúrbio ou transtorno, também podem estar relacionadas a questões didáticas, metodológicas ou avaliativas.
Normalmente, as dificuldades de aprendizagem estão relacionadas a fatores externos, ou seja, questões relacionadas a metodologia da escola, a forma de avaliação, ou até em razão da presença de situações negativas de interação social.
           Em contrapartida os Transtornos, normalmente estão relacionados aos fatores intrínsecos, ou seja, que fazem parte do aluno, estes fatores podem ser de ordem neurológica, química, fatores hereditários, etc.
           Os Transtornos de Aprendizagem compreendem uma inabilidade específica, na leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo do esperado para o seu nível de desenvolvimento, escolar.
            Atualmente a dislexia é uma dificuldade que tem ganhado grande repercussão dentro do ambiente escolar, porém devemos estar atentos a outros sérios problemas como: o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), a disgrafia, a dislalia, a disortográfica e a discalculia.
É muito importante que os professores tenham conhecimento e saibam diferenciar transtorno e dificuldade de aprendizagem, para realizar intervenções e encaminhar os alunos para um diagnóstico clinico.
Algumas crianças precisam apenas de estratégias diferentes, atenção, métodos de ensino adequados, estímulos positivos e ou de atendimento especializado para avançar nos estudos.
As dificuldades e os transtornos de aprendizagem que se manifestam na infância geralmente tem forte impacto sobre a vida da criança e de sua família até mesmo na face adulta, uma vez que este indivíduo acaba sofrendo por não ser bem aceito em seu meio social e isso pode acarretar prejuízos em seu desenvolvimento pessoal e profissional.


 Por Andréa Guimarães
09/09/2016

domingo, 15 de maio de 2016



A LETRA CURSIVA NA BERLINDA



Em tempos de era digital, o uso da letra manuscrita, sobretudo a cursiva, está ficando praticamente restrito à escola. No mundo do trabalho, dominado pelos computadores, muitos nem se lembram direito como escrever à mão, quanto menos fazer todas as “voltinhas” no caderno de caligrafia. Com exceção de poucos bilhetes ou assinaturas em documentos oficiais, até a própria escrita manual já é rara. Ninguém quer mais escrever no papel com medo de a letra parecer feia ou de não poder mudar de ideia e “deletar”. Enquanto isso, na sala de aula, as crianças passam anos aprendendo a desenvolver diferentes traçados até chegar, finalmente, à letra cursiva, quase sempre a mais complicada para os alunos.
Se o trabalho dos professores costuma ser grande e a aplicação prática é pequena, ainda vale a escola reservar tempo para o ensino da letra cursiva? Conhecer apenas a letra de forma não seria suficiente para ser alfabetizado hoje?
O tema é controverso e a resposta não é tão simples.
Para aqueles que defendem a necessidade da escrita cursiva, tecnicamente chamada de amalgamada, a principal justificativa para o ensino é a fluência, a rapidez que essa forma proporciona na hora de escrever, já que não é preciso tirar o lápis ou a caneta do papel a cada letra. Mas qual é a necessidade de ser tão rápido? Para poder tomar notas durante qualquer situação em que a tecnologia não esteja disponível.

Porém, se o uso de computadores, smartphones e tablets se tornar uma realidade nas escolas, ainda assim a letra cursiva teria seu espaço garantido? O especialista em alfabetização João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, acredita que ainda é cedo para colocar essa questão na ordem do dia das escolas. “Pelo menos por enquanto, mesmo nos países altamente influenciados pela tecnologia, a escrita ainda é muito utilizada nas situações práticas da vida. Seria temerário que as próximas gerações não cheguem à vida adulta com esses instrumentos. Se algum dia a escrita manuscrita for abolida, aí sim a escola não precisa se preocupar mais com isso”, afirma.

A escrita cursiva ainda é uma exigência em algumas provas, alguns vestibulares e concursos públicos. Mas muitos já passaram a aceitar também a letra de forma ou de imprensa, como também é chamada, desde que seja feita a diferenciação entre maiúsculas e minúsculas. E aí é que está o problema. Muitas pessoas saem do ensino fundamental sem saber fazer as duas formas. O professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Geraldo Peçanha de Almeida explica que na educação infantil muitas vezes os educadores passam três anos ensinando apenas a letra bastão maiúscula (ou caixa alta) para facilitar o processo de aprendizado. Depois a criança começa a aprender a letra cursiva e acaba não treinando suficientemente as letras de forma minúsculas. “E não se pode escrever tudo em letra maiúscula, é um erro ortográfico”, lembra. O docente ressalta que se a escola focasse no ensino dos dois tipos não haveria empecilho em escolher esta forma de escrita ao invés da cursiva se a criança se adaptasse melhor. “Se a escola ensinasse a maiúscula e a minúscula não haveria nenhum problema de a criança escrever o resto da vida em letra bastão”, resume.

Dificuldade de aprendizado

O processo de ensino da letra cursiva geralmente começa entre os 6 e 7 anos de idade e exige habilidades relacionadas à coordenação motora fina. Até pegar prática e fazer um traçado legível a criança demora cerca de três anos. Isso significa que, em média, por volta dos 9 anos o estudante terá desenvolvido a forma de escrita que utilizará ou não ao longo da vida – dependendo de como a tecnologia evoluir e a sociedade se adaptar às mudanças.

Não são raros os alunos que têm dificuldade para aprender a letra cursiva. E existem vários motivos associados ao problema. O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, Luiz Carlos Cagliari, acredita que a deficiência no aprendizado está relacionada à metodologia de ensino. “Em geral, vejo que crianças problemáticas com a escrita não apresentam o mesmo tipo de problema quando desenham. Então, há algo de errado com o modo como são ensinadas. Adotando várias etapas para se chegar à escrita cursiva fica mais fácil.”

Cagliari sugere o uso de gabaritos para facilitar a escrita, além de um pouco mais de paciência do educador, que pode deixar o aluno usar a escrita maiúscula ou bastão enquanto ele não se sentir à vontade com a forma concatenada. Entretanto, alerta que o maior problema é quando o aluno não sabe ler escrita cursiva, que muitas vezes é opaca aos olhos da criança, pois as letras não são tão separadas e diferenciadas quanto na forma bastão.

Geraldo Almeida defende que a letra cursiva seja ensinada mais cedo, ainda na educação infantil, para facilitar o processo. “A partir do momento que a criança reconhece na letra bastão que determinada marca é ‘A’, se ela reconhece esta marca para o som ‘A’, já pode ser introduzida a letra cursiva.” O professor da UFPR lembra que além da coordenação motora fina da ponta dos dedos, que costuma ser bem exercitada nas escolas e acaba sendo também naturalmente mais desenvolvida por causa da familiaridade das novas gerações com o teclado, é preciso trabalhar todo o segmento do braço para possibilitar a movimentação adequada durante a escrita.

De qualquer forma, Almeida acredita que a escola não deve ficar focada apenas na dificuldade da criança porque algumas podem nunca aprender a escrita cursiva, porém isso não significa que não sejam alfabetizadas. Ele diz que insistir nesta forma de escrita prejudica ainda mais o desenvolvimento do aluno. “Não seria o caso de a escola continuar batalhando para a criança fazer a letra cursiva porque esse bloqueio motor vai levá-la a um bloqueio mental também”, afirma. Nesta situação, o professor sugere que a instituição continue o processo de alfabetização desse aluno com letra bastão maiúscula e minúscula.

Cagliari insiste que o problema está mais no lado de quem ensina do que de quem aprende. Ele destaca que muitas escolas sequer passam aos educandos o conhecimento de como segurar o lápis de modo correto. “Alguns alunos começam a escrever como se fossem canhotos, colocando a mão acima da linha de escrita, porém usando a mão direita. Alguns escrevem segurando o lápis como se fosse um bastão e ao escrever não conseguem ver o que estão fazendo. Um pouco de disciplina artística no uso do material de escrita ajuda a evitar problemas.”



Espécie em extinção?

Qual teria sido a reação na época se alguém dissesse que o pergaminho e a caneta-tinteiro iriam desaparecer? Nem sempre as mudanças são vistas com entusiasmo em um primeiro momento. Será que a letra cursiva – quiçá a escrita manuscrita de forma geral – também está próxima de se tornar obsoleta? Os especialistas se dividem entre os mais puristas, que temem a perda deste conhecimento, e os mais vanguardistas, que acreditam que é preciso evoluir com a tecnologia. Porém, todos concordam que no momento atual a escrita ainda é uma necessidade social. “Do homem das cavernas ao homem moderno, precisamos da escrita por uma questão de cidadania”, afirma o professor da UFPR. Entretanto, ele mesmo acredita que esta realidade está com os dias contados e diz que se no mundo do trabalho a escrita manuscrita sobreviver por mais 10 anos, no ensino fundamental não passará de 50 anos, o que significa que os professores precisam desde já começar a debater a questão. “A letra manual não tem mais espaço na sociedade. Porque não temos mais o cronológico (tempo) disponível para ela”, dispara.

Já o pesquisador da Unesp não concorda que a escrita manuscrita, inclusive a cursiva, irá desaparecer das instituições de ensino nem da vida das pessoas na sociedade. Por outro lado, Cagliari admite que a escrita via computador poderá ser mais utilizada do que a caneta ou qualquer outra coisa. “Isso é próprio da evolução da civilização e quem não se adaptar irá ficar para trás, com muitos problemas. Portanto, a escola deveria usar cada vez mais computadores para todas as atividades de escrita, desde a pré-escola”. Mesmo assim, ele defende a importância de possuir as duas habilidades de escrita: manuscrita cursiva e escrita digitalizada, pois acredita que a falta de uma delas “significa uma restrição para a vida de um indivíduo no mundo de hoje”. Além disso, Cagliari diz que é uma vantagem cultural dominar todas as formas.

Para o presidente do Instituto Alfa e Beto, a escola precisa ser prudente e esperar a escrita desaparecer primeiro antes de agir. Sobre o uso da forma cursiva ainda nos dias de hoje, declara: “A letra cursiva é mais eficiente: você raramente tira o lápis do papel. Esta é a única razão para dominá-la. Mas é uma razão muito forte. É preciso ter muita prudência para não descartar a sabedoria e a experiência acumulada pela humanidade.”

Com relação às habilidades motoras que escrever com letras concatenadas proporciona, todos são unâmimes em dizer que não existe uma perda de coordenação no desenvolvimento do aluno que não pratica a escrita cursiva. Esta capacidade é aprimorada em diversas outras atividades escolares. Para responder a pergunta sobre se ainda vale a pena reservar tempo em sala de aula para ensinar a letra cursiva, é preciso “ter bola de cristal”. Existem muitos indícios de que o uso da escrita manuscrita está desaparecendo, sobretudo quando se olha para o mundo do trabalho e para o aumento progressivo dos computadores nas escolas. Porém, ninguém sabe qual é o momento certo de abandonar um conhecimento em prol de outros. O mais importante por enquanto é ponderar sobre a questão para ter a capacidade de se adaptar às mudanças que afetam a sociedade e, consequentemente, não podem ser ignoradas pela escola. 

(Yannik D´elboux)

Disponível em: espaçoalfaletrar.blogspot.com.br. Acesso em 25 de maio de 2012.
Ensino da letra cursiva para crianças em alfabetização divide a opinião de educadores
       Deve-se ou não exigir que as crianças escrevam com letra cursiva? A questão, que divide educadores e semeia insegurança entre pais, está -- ao lado da pergunta sobre o ensino da tabuada-- entre as mais ouvidas pela consultora em educação e pesquisadora em neurociência Elvira Souza Lima. A resposta, porém, não é trivial.
       Quatro ou cinco décadas atrás, a dúvida seria inconcebível. Escrever à mão era só em cursiva e, para garantir que a letra fosse legível, os alunos eram obrigados desde cedo a passar horas e horas debruçados sobre os cadernos de caligrafia.
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem

  Veio, contudo, a pedagogia moderna, em grande parte inspirada no construtivismo de Piaget, e as coisas começaram a mudar. O que importava era que o aluno descobrisse por si próprio os caminhos para a alfabetização e a escrita proficiente. Primeiro os professores deixaram de cobrar aquele desenho perfeito. Alguns até toleravam que o aluno levantasse o lápis no meio do traçado. Depois os cadernos de caligrafia foram caindo em desuso até quase desaparecer.
       O segundo golpe contra a cursiva veio na forma de tecnologia. A disseminação dos computadores contribuiu para que a letra de imprensa, já preponderante, avançasse ainda mais. Manuscrever foi-se tornando um ato cada vez mais raro.
         No que parece ser o mais perto de um consenso a que é possível chegar, hoje a maior parte das escolas do Brasil inicia o processo de alfabetização usando apenas a letra de forma, também chamada de bastão.
     Tal preferência, como explica Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG, tem razões de desenvolvimento cognitivo, linguístico: "No momento em que a criança está descobrindo as letras e suas correspondências com fonemas, é importante que cada letra mantenha sua individualidade, o que não acontece com a escrita "emendada' que é a cursiva; daí o uso exclusivo da letra de imprensa, cujos traços são mais fáceis para a criança grafar, na fase em que ainda está desenvolvendo suas habilidades motoras".
       O que os críticos da cursiva se perguntam é: se essa tipologia é cada vez menos usada e exige um boa dose de esforço para ser assimilada, por que perder tempo com ela? Por que não ensinar as crianças apenas a reconhecê-la e deixar que escrevam como preferirem? Essa é a posição do linguista Carlos Alberto Faraco, da Universidade Federal do Paraná, para quem a cursiva se mantém "por pura tradição". "E você sabe que a escola é cheia de mil regras sem qualquer sentido", acrescenta.
       A pedagoga Juliana Storino, que coordena um bem-sucedido programa de alfabetização em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, é ainda mais radical: "Acho que ela [a cursiva] é uma das responsáveis pelo analfabetismo em nosso país. As crianças além de decodificar o código da língua escrita (relação fonema/ grafema) têm também de desenvolver habilidades motoras específicas para "bordar' as letras. O tempo perdido tanto pelo aluno, como pelo professor com essa prática, aliada ao cansaço muscular, desmotivam o aluno a aprender a ler e muitas vezes emperram o processo".
     Esse diagnóstico, entretanto, está longe de unânime. O educador João Batista Oliveira, especialista em alfabetização, diz que a prática da caligrafia é importante para tornar a escrita mais fluente, o que é essencial para o aluno escrever "em tempo real" e, assim, acompanhar a escola. E por que letra cursiva? "Jabuti não sobe em árvore: é a forma que a humanidade encontrou, ao longo do tempo, de aperfeiçoar essa arte", diz.
     Magda Soares acrescenta que a demanda pela cursiva frequentemente parte das próprias crianças, que se mostram ansiosas para começar a escrever com esse tipo de letra. "Penso que isso se deve ao fato de que veem os adultos escrevendo com letra cursiva, nos usos quotidianos, e não com letras de imprensa".
     Para Elvira Souza Lima, que prefere não tomar partido na controvérsia, "os processos de desenvolvimento na infância criam a possibilidade da escrita cursiva". A pesquisadora explica que crianças desenhando formas geométricas, curvas e ângulos são um sério candidato a universal humano. Recrutar essa predisposição inata para ensinar a cursiva não constitui, na maioria dos casos, um problema. Trata-se antes de uma opção pedagógica e cultural.
    Souza Lima, entretanto, lança dois alertas. O tempo dedicado a tarefas complementares como a cópia de textos e exercícios de caligrafia não deve exceder 15% da carga horária. No Brasil, frequentemente, elas ocupam bem mais do que isso.
    Ainda mais importante, não se deve antecipar o processo de ensino da escrita. Se se exigir da criança que comece a escrever antes de ela ter a maturidade cognitiva e motora necessárias (que costumam surgir em torno dos sete anos) o resultado tende a ser frustração, o que pode comprometer o sucesso escolar no futuro.
    O que a ciência tem a dizer sobre isso? Embora o processo de alfabetização venha recebendo grande atenção da neurociência, estudos sobre a escrita são bem mais raros, de modo que não há evidências suficientes seja para decretar a morte da cursiva, seja para clamar por sua sobrevida.
     Há neurocientistas, como o canadense Norman Doidge, que sustentam que a escrita cursiva, por exigir maior esforço de integração entre áreas simbólicas e motoras do cérebro, é mais eficiente do que a letra de forma para ajudar a criança a adquirir fluência.

     Outra corrente de pesquisadores, entretanto, afirma que, se a cursiva desaparecer, as habilidades cognitivas específicas serão substituídas por novas, sem maiores traumas.

                     

Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u736314.shtml>.Acesso em 25 de maio de 2012.

leia também:

CALIGRAFIA

Letra feia é um problema?

Por que algumas crianças têm letra “bonita” enquanto outras parecem ter dificuldade para desenhar as palavras?

03/04/2012 11:13
Texto Adriana Carvalho
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/letra-feia-problema-681106.shtml