“Orientação Sexual nos anos iniciais”
Os seres humanos estão em contínua aprendizagem em suas vivências cotidianas, extraindo delas concepções próprias ou, tornando próprias as concepções do grupo sobre os mais diversos fatos da vida humana. As relações sociais têm forte influência na formação das normas de condutas do indivíduo.
Sabe-se que a sexualidade é um fenômeno da existência humana, parte da vida de todas as pessoas, e, portanto, também da vida dos adolescentes.
Desde as descobertas de Sigmund Freud publicadas em 1900 -1915, a sexualidade infantil deixou de ser algo obscuro ou motivador de medo e escândalos, ao contrário, o neurologista austríaco pontuou como seria saudável abordar esse tema com as crianças e jovens sempre que as questões surgissem.
Muitos profissionais da saúde e pensadores posteriormente confirmaram tal hipótese e argumentaram a importância de educação sexual para o desenvolvimento cultural, preventivo e saudável da população de forma geral. Porém, percebe-se que apesar de saber da importância dos espaços de debate e orientação, os sistemas educacionais e sistemas de saúde brasileiros ainda apresentam muitas dificuldades em lançar programas, palestras, aulas que abordem, discutam e orientem a temática.
Este assunto é considerado pela maioria dos adultos como “difícil”. Por ser considerado desta forma, este acaba não sendo abordado e discutido com as crianças. As famílias acham que a criança é muito nova e posterga, dizendo que na escola ela estará “mais madura” e será instruída. Nas escolas, os educadores partem do princípio que as crianças já foram instruídas em casa e não querem tocar neste assunto “delicado e difícil”, com medo dos pais acharem que este assunto poderá levar a criança a maus pensamentos e comportamentos.
Desta forma ninguém aborda o assunto. Assunto este que faz parte da vida dos adultos e é tão negada ao universo infantil, como se as crianças não fossem sujeitos de um corpo, de sensações, de questionamentos, enfim de uma sexualidade.
Freud (1905) colocava os pais como pessoas um tanto incompetentes para a tarefa da educação sexual, preferindo que estes não se ocupassem desta tarefa. Para ele os pais esqueceram-se da sexualidade infantil, por meio de diversos mecanismos de defesa, entre estes a repressão. Este dado dinâmico que factualmente ocorre, é mais um que aponta para a necessidade de que a educação sexual tenha outro espaço além do lar, do ambiente familiar. Concordante a este fato, Gentile (2006) pontua que o constrangimento dos pais em tratar do assunto aumenta a falta de informação dos jovens e faz com que a escola se torne o principal espaço de educação sexual, visto que a orientação sexual também é um dos temas transversais previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). O sexo é parte da vida das pessoas, razão pela qual a escola e a família devem ajudar a construir nas crianças uma visão sem mitos e preconceitos.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s1998), a orientação sexual na escola é um dos fatores que contribui para o conhecimento e valorização dos direitos sexuais e reprodutivos. Estes oportunizam que homens e mulheres tomem decisões sobre sua fertilidade, saúde reprodutiva e criação de filhos, tendo acesso às informações e aos recursos necessários para implementar suas decisões. Ainda de acordo com os PCN’s a orientação sexual na Escola também contribui para a prevenção de problemas graves, como: o abuso sexual, a gravidez indesejada, o conhecimento sobre os métodos anticoncepcionais, sua disponibilidade e a reflexão sobre a própria sexualidade.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s1998), a orientação sexual na escola é um dos fatores que contribui para o conhecimento e valorização dos direitos sexuais e reprodutivos. Estes oportunizam que homens e mulheres tomem decisões sobre sua fertilidade, saúde reprodutiva e criação de filhos, tendo acesso às informações e aos recursos necessários para implementar suas decisões. Ainda de acordo com os PCN’s a orientação sexual na Escola também contribui para a prevenção de problemas graves, como: o abuso sexual, a gravidez indesejada, o conhecimento sobre os métodos anticoncepcionais, sua disponibilidade e a reflexão sobre a própria sexualidade.
A família é o primeiro elemento formador da criança e os pais, encarregados de educar sexualmente os filhos, transmitindo seus valores culturais e suas crenças.
A escola tem o papel de sistematizar o conteúdo adquirido por seus alunos sobre sexualidade em caráter preventivo e numa perspectiva construtivista, criar situações em que temas escolhidos como centros de interesse sejam discutidos e vivenciados.
“O objetivo básico da Educação Afetivo-Sexual é promover a saúde e conseqüente promoção de pessoas equilibradas, emocionalmente estáveis, com capacidade e recursos para desfrutar da existência e resolver os conflitos, com capacidade de empatia que permita a solidariedade prazenteiras” (zapiaim, Javier Gomes. La Educación Sexual a partir de hoy -1994).
A educação sexual tem o compromisso com o crescimento global dos seres humanos e deve permitir a expressão da forma de sentir, pensar e desejar de cada um. Ao se sentir mais aceito o educando sentir-se-á também mais feliz.
Quando se fala de sexualidade infantil, não se quer dizer ato sexual ou movimentos de sexualidade erótica e/ou pornográfica. A sexualidade infantil é a busca por satisfação, por sensações prazerosas independentes de ato sexual. Esta busca está inicialmente ligada ás sensações corporais e posteriormente às duvidas e questionamentos quanto ao corpo, suas funções, seu surgimento e origem.
A aventura do descobrimento começa já nos primeiros meses, quando o bebê experimenta o prazer de explorar o próprio corpo, e se acentua nos anos seguintes quando sua atenção se volta para o corpo dos pais e de outras crianças. As descobertas corporais nas crianças são tão naturais quanto aprender a andar, falar e brincar, todas as crianças passam por essa fase e fenômeno. Mas o adulto nega este acontecimento ou muitas vezes olha para o mesmo como se fosse uma atitude imoral e perversa.
Na maioria das vezes, esta distancia entre a moral do universo adulto e a ausência de pudor infantil resulta em ensinamentos cheios de preconceitos: “tira a mão daí, isso não pode fazer porque é feio, nojento, tem vergonha na cara, que absurdo, aonde se viu perguntar uma coisa dessas”?
A sexualidade deixa de ser algo natural para tornar-se algo vergonhoso. Motivo de receio, fruto proibido, banalizado. Simaia(2005) faz exatamente esta ressalva quando aponta que “influenciados pela moda, pela banalização do que e sexual, a criança está cada vez mais erotizada e os jovens iniciam a vida sexual cada vez mais cedo, muitas vezes sem a devida preocupação, resultando em muitas ocasiões, em gravidez indesejada de garotas recém saídas da infância”.
Suplicy (2002), explica como a repressão ou omissão frente às manifestações da sexualidade infantil, jovem, pode interferir o desenvolvimento intelectual-emocional por envolver um dos grandes mistérios e questionamentos infantil, o “de onde eu vim?”
Tratar o assunto com a naturalidade que merece é condição fundamental para possibilitar um diálogo aberto e saudável entre adultos e crianças.
A educação sexual seria fundamental ferramenta para impedir essa banalização e desinformação ou deturpação da informação aos fenômenos da sexualidade.
Atividades para trabalhar Sexualidade nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
Objetivo:
Ø Envolver professores e pais no trabalho de orientação sexual dos estudantes;
Ø Desenvolver nos alunos o respeito pelo corpo (o próprio e do outro);
Ø Refletir sobre a diferenças de gênero e relacionamentos;
Ø Dar informações sobre gravidez, métodos anticoncepcionais e doenças sexualmente transmissíveis (DST’s);
Ø Conscientizar sobre a importância de uma vida sexual responsável.
1ª etapa:
Preparação da escola e da comunidade.
Ø Capacitação dos professores – Formação permanente;
Ø Envolvimento dos pais – Reunião para apresentar o programa.
Turma: 1ª Série – Trabalhar a socialização infantil em relação à construção da sexualidade e à identidade de gênero.
Através de bonecas e bonecos trabalhar a diferença entre menino e menina, explorar as diferenças físicas e comportamentais.
Trabalhar as partes do corpo: Cabeça, tronco e membros.
Uma boa sugestão é trabalhar com o livro: O livro Ceci tem pipi? de Heloisa Jahn e Thierru Lenaim.
Turma: 2ª série - Trabalhar sobre concepção e nascimento.
Que tal trabalhar com o livro: A mamãe Botou um Ovo de Babette Cole, relaciona sexo, concepção e nascimento de forma lúdica.
Turma: 3ª série: Trabalhar a gravidez.
Uma boa dica é trabalhar com a música: De Umbigo a Umbiguinho de Toquinho e o com o filme: “Olha quem está falando”.
Após trabalhar com a música e assistir o filme promover uma roda de conversa, onde os alunos poderão tirar suas dúvidas, expor seus conceitos, etc.
Turma: 4ª série – Trabalhar o ciclo da vida (do nascimento a velhice).
Uma boa maneira de trabalhar esse tema é realizar um projeto: Ciclo da Vida e montar com os alunos um álbum de Puericultura, onde a professora e os alunos irão abordar todos os temas deste o nascimento a velhice e a cada tema discutir, debater, informar, tirar dúvidas sobre todas as etapas da vida.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FREUD, S. Três Ensaios para uma teoria sexual. In: Obras Completas. Rio de Janeiro, Imago, 2002.
FREUD, S. O esclarecimento Sexual das Crianças. Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro, Imago Ed. (sd). ( vol. IX – 1907).
GENTILE, P. Educação Sexual (in) Nova Escola, Editora Abril, São Paulo.Abril 2009.
http:// diganaoaerotizaçãoinfantil. Wordpress. Com/2008/05/02/ sexualidade-infantil-como-abordar. Acesso em 24/03/2009.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, (PCN’s). Pluralidade Cultural, Orientações Sexual/ Secretária da Educação Fundamental. Brasília. MEC/SEF, 1997.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, (PCN’s). Temas Transversais/ Secretária da Educação Fundamental. Brasília. MEC/SEF, 1998.
SAMPAIO, S. Educação sexual: para além dos tabus (2005). Artigo virtual: http:// www. pedagobrasil.com.br/cantinho/simaiasampaio9.htm
SUPLICY, M. Papai, Mamãe e Eu: o desenvolvimento sexual da criança de zero a dez anos. Seleções Reader’s Digest, FTD, Rio de Janeiro, 2002.
ZAPIAIM, Javier Gomes. O objetivo básico da Educação Afetivo-Sexual. La Educación Sexual. Growing up. Rio de Janeiro. Graal, 1984.
ZÔMPERO, Andréia de Freitas. Fundamentos e Metodologias da Ciências Naturais. Curso Superior de Pedagogia – Módulo 6 e slides.
Andréa Guimarães - Pedagogia - Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, Pós graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Supervisão Escolar e Neurociência pela Faculdade ISEIB. E-mail: andreapguimaraes@gmail.com
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